Foi libertado ontem, no Badoca Park, ao abrigo de um protocolo de cooperação, um Bufo-real “"bubo-bubo”"que tinha chegado a este Centro no passado dia 03 de Agosto.
Cerca das 2 horas da manhã, foi recebida uma chamada de um telefone fixo, para o numero de emergência do CRASSA. Do outro lado da linha, uma voz algo aflita, dizia ter um “mocho gigante” na porta da entrada. Percebendo que a pessoa ao telefone estava assustada, resolvemos ir ver o que se passava, embora o adiantado da hora.
Chegados ao local, verificamos trata-se de um Bufo-real, jovem, que tinha colidido com a parede do prédio e caído junto à porta da sala. O bufo jovem, ao ver-se reflectido no vidro, e pensando que era outro da mesma espécie que estava na sua frente, tentava assustá-lo, abrindo as assas e dando os seus famosos estalos com o bico.
A pessoa que nos tinha ligado estava próximo, com a família, sem saber o que fazer e um pouco assustados.
Capturamos então o dito “mocho gigante”, deixando para trás a família livre para poder entrar em casa.
No passado dia 26 de Maio, a Eureka saiu deste CRASSA.
Em Abril abrimos a porta do cercado das lontras e deixamos a Eureka partir. Fomos seguindo os seus passos, através de um aparelho que ela carregava na sua mochila e que emitia sinais para satélite, que nos ia indicando a sua localização.
Verificámos que nunca se afastou muito do local onde havia sido libertada.
Decorridos alguns dias, verificamos que o sinal era emitido sempre com as mesmas coordenadas o que nos indicava duas opções, ou ela tinha conseguido libertar-se da mochila que transportava, ou então que poderia estar a necessitar de ajuda.
Fomos para o terreno e verifica-mos que realmente ela se havia libertado da mochila, o que era previsível, mas também que ela não se tinha afastado e que necessitava de ajuda.
Ao efectuarmos a recaptura verificámos que ela estava ferida.
As feridas, embora de pouca gravidade, exigiam tratamento, o que foi feito de imediato. As feridas haviam sido provocadas, supostamente, por outra lontra existente nas imediações e que defendia o seu território, ou por outro mamífero existente no local.
Era tempo de tomar decisões. Reunidas as entidades responsáveis pelo projecto, foi analisada a situação, concluindo-se que seria difícil integrar a Eureka em habitat natural. A sua vida desde muito novinha em cativeiro, o seu convívio com o ser humano, a sua falta de convívio com os progenitores, não a tinham preparado minimamente para essa libertação.
As probabilidades de que ela venha a ser agredida, por outras da mesma espécie ou por outros mamíferos, são muito grandes. A sua aproximação ao seu humano seria um risco para a sua sobrevivência. Ela não sabe defender-se, não sabe como demarcar um território e defendê-lo.
Foi decidido então, que a Eureka e a sua história de vida seria utilizada de uma forma pedagógica em educação ambiental, de forma a evitar que outras lontras, ou outros quaisquer animais sejam retirados ao convívio dos seus progenitores.
A Eureka encontra-se bem, num espaço só dela, no Aquamuseu em Vila Nova de Cerveira, onde é contada a história da sua vida.
Uma foto do espaço.
Uma foto da Eureka, explorando o novo espaço.
As crias não têm noção do perigo, os adultos sim. Acontece que ao sentir um ser humano por perto, os adultos se afastam das crias procurando esconder-se, mas não se afastando. As crias ao verem-se sozinhas, começam a chamar os pais, chamando assim a atenção dos humanos sobre si.
Se encontrar um ou vários filhotes de lontra, no seu habitat, não os retire do local onde eles se encontram. Volte algumas horas depois ou no dia seguinte, e verificará que os juvenis já não se encontram por perto, os pais já os levaram.
Está em curso uma campanha de apadrinhamento dos animais selvagens, que se encontram em recuperação, nos três Centros de Recuperação geridos pela QUERCUS.
Para saber como pode apadrinhar um animal selvagem, em recuperação nos Centros, deverá consultar o site:
No CRASSA, encontram-se para apadrinhar:
- 4 Buteo buteo (Águia de asa redonda)
- 1 Strix aluco (Coruja do mato)
- 1 Athene noctua (Mocho galego)
- 1 Falco tinnunculos (Peneireiro)
- 1 Hieraaetus pennatus (Águia calçada)
- 2 Bubulcus ibis (Garça boieira)
- 1 Bubo bubo (Bufo real)
- 1 Garrulus glandarius (Gaio)
O Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André, com quase 2000 animais acolhidos, prossegue o trabalho em prol da conservação da natureza.
Com um registo de 120 animais selvagens entrados desde o inicio deste ano, foram libertadas 32 aves.
As aves foram libertadas no decurso de 14 acções de sensibilização, efectuadas junto das populações.
Parte dessas acções têm decorrido, no Badoca Parque, como um complemento pedagógico, junto dos visitantes.