INTRODUÇÃO
O individualismo e o isolamento a que os estilos de vida contemporâneos sujeitam o ser Humano conduzem-no por vezes a ignorar e a desconhecer as outras espécies que partilham com ele o mesmo espaço natural, as quais, tal como o homem, também são habitantes do Planeta Terra.
O Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André, inicialmente criado pelo Grupo Lontra, passou a ser gerido pela Quercus Associação Nacional de Conservação da Natureza, desde 1996, aquando da integração do Grupo Lontra no Núcleo Regional do Litoral Alentejano da Quercus.
Desde o seu início e até hoje, passaram pelo Centro de Recuperação de Santo André 1858 animais selvagens, todos eles a necessitarem de cuidados; desde simples alimentação até a complicadas intervenções cirúrgicas, após a sua plena recuperação estes animais são colocados em liberdade e, sempre que possível, nos seus habitats de origem.
O Centro de Recuperação está integrado nas instalações do Núcleo Regional do Litoral Alentejano da Quercus onde funciona também o Centro de Educação Ambiental do Litoral Alentejano gerido pela mesma entidade.
A Quercus tem vindo a realizar acções de Educação Ambiental para as escolas e para a Comunidade, proporcionando, sempre que possível e dentro das normas definidas, a proximidade e o conhecimento dos seres vivos que em algum momento passaram pelo Centro de Recuperação, aproveitando a oportunidade para sensibilizar a população para as necessidades e para as ameaças que cada espécie enfrenta.
O Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André prepara-se para abrir mais um espaço com condições para acolher exemplares de lontra (Lutra lutra) em recuperação, onde serão monitorizadas e preparadas para a libertação definitiva em habitat natural. Neste espaço, as lontras serão inseridas num ambiente semi-natural fechado e acompanhadas até estarem preparadas para sobreviverem em liberdade.
O projecto “Lontras em Liberdade” prevê conciliar a recuperação das lontras com a oportunidade de dar a conhecer a fauna selvagem portuguesa e alguns dos seus habitats
OBJECTIVOS
a) Permitir às escolas e à comunidade em geral um melhor conhecimento das espécies que partilham o nosso espaço natural comum
b) Envolver activamente as escolas na preservação da biodiversidade
c) Estreitar a relação Homem/animal selvagem como vizinhos no mesmo território
d) Desenvolver nas crianças e nos jovens o respeito e a admiração pela fauna selvagem
e) Despertar e reforçar na comunidade escolar a preocupação perante as ameaças à fauna selvagem
f) Sensibilizar as crianças e os jovens para a necessidade de cuidar da fauna como elemento imprescindível na cadeia de interdependências naturais
g) Reconhecer a importância das zonas húmidas como habitat natural e conhecer as espécies que as habitam
DESCRIÇÃO DAS ACÇÕES
O Projecto “Lontras em Liberdade” prevê as seguintes acções:
a) Vedação do espaço destinado à Lontra no Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André
b) Aquisição e instalação do equipamento de monitorização
c) Monitorização e acompanhamento de cada indivíduo até à sua libertação
d) Envolvimento da comunidade escolar no estudo e conhecimento da várias espécies selvagens que necessitam dos cuidados do Centro de Recuperação através da apresentação de uma cessão multimédia
e) Envolvimento da comunidade escolar na evolução da recuperação de cada indivíduo da espécie Lutra lutra até à sua libertação, proporcionando a visualização dos registos captados pelo sistema de videovigilância
f) Realização de acção de sensibilização dos alunos através da apresentação de sessões multimédia no Centro de Educação Ambiental sobre a temática da recuperação de animais selvagens e da importância das zonas húmidas para algumas espécies
g) Saídas de Campo com o objectivo de :
a. Estudar as Lagoas de Santo André e da Sancha, classificadas como sítio Ramsar, como Habitat de uma importante população de lontras da espécie Luttra, Luttra,
b. Inventariação e estudo dos vestígios deixados pelos vários animais que frequentam este espaço de zona húmida como os excrementos as pegadas e os esconderijos
c. Realização de inquéritos à população local e a 30% dos pescadores que utilizam a lagoa de Santo André sobre a presença e o avistamento de lontras neste local e a relação da população local com a lontra
d. Sensibilização da população local para as ameaças que a fauna selvagem enfrenta e para a necessidade de cuidar das espécies como única forma de garantir o frágil equilíbrio ecológico
e. Inventariação de outras espécies existentes no local que se alimentam de igual forma de peixe com a finalidade de desfazer o mito de que a lontra é a única culpada pelo rompimento das redes de pesca dos pescadores
h) Análise laboratorial dos excrementos de lontra encontrados na Lagoa de Santo André com o objectivo de conhecer a sua alimentação e detectar parasitas ou outros problemas
i) Análises laboratoriais da água das Lagoas de Santo André e da Sancha
j) Elaboração, pelos alunos da escola participante, de trabalho para avaliação final, compilando e analisando todos os dados obtidos a partir do levantamento de campo feito nas Lagoa de Santo André e da Sancha e do inquérito realizado à população
k) Produção de um folheto informativo sobre o projecto “Lontras em liberdade” e de um guião de exploração pedagógica da Reserva Natural
l) Produção final de um pequeno documentário baseado nos registos de monitorização e nos dados recolhidos em campo sobre a lontra e o seu habitat
m) Acções de libertação das espécies que se encontrem recuperadas
ESTE É O ESPAÇO INICIAL DESTE PROJECTO.